Esta casa chama-se "Casa do Mestrinho" porque foi construída em finais do século XIX por um mestre de obras apelidado de "Mestrinho". Ficou "famoso" por ter sobrevivido a uma queda da Ponte D. Luís I quando trabalhava na sua pintura!
Quem nos contou isto foi o Mestre Oliveira que nos foi apresentado quando viemos para cá morar como sendo o "homem mais antigo de Espinhaço". Tinha na altura 89 anos e dizia que, quando era pequenino, esta casa já era velha! Lembrou-se depois que o seu construtor era apelidado de "Mestrinho" e que era tido como um grande mestre de obras. O Mestre Oliveira era um homem que valorizava a mestria, os antigos ofícios e os conhecimentos que os artífices tinham antigamente. (Mas o Mestre Oliveira merece uma história só para ele!). Dizia-nos que esta casa foi muito bem construída. Não duvidamos quando olhamos para as paredes da cave com 1 m de espessura !
Mais tarde bateu-nos à porta um senhor que tinha morado nesta casa, antes de ir para a África do Sul. Queria ver a casa da sua juventude. E enquanto olhava para aquilo que ainda se mantinha no lugar, ia-nos falando daquilo que sabia do seu bisavô, o Mestrinho (mas sobre as pessoas que nos foram batendo à porta e que têm histórias sobre esta casa há muitas histórias para contar!).
Ao longo de 12 anos de obras e arranjos fomos também nós "lendo" o edifício. Parece-nos agora claro que a sua configuração actual - um edifício de planta rectangular, com dois pisos e uma andar amansardado, dividido em três casas independentes dispostas horizontalmente - corresponde a uma adaptação para arrendamento de um edifício pré-existente. A nossa casa parece ter mais elementos "originais", portas de duas folhas, escada adossada à parede lateral... Mas depois as três casas têm a mesma planta. Suspeitamos que essa adaptação foi feita nos anos 30, data da primeira caderneta predial, mas são apenas suposições. O Mestre Oliveira, a certa altura, lembrou-se e veio-nos dizer que o edifício tinha sido mais recuado e que tinha avançado em direcção à estrada...
A casa foi por nós comprada há cerca de 12 anos e depois de muito ler e trabalhar sobre reabilitação de casas antigas, jardinagem , horticultura e fruticultura conseguimos ter a nossa casa quase pronta e agora esta "casa da ponta" restaurada com todo o cuidado, em grande parte pelas nossas próprias mãos e parece-nos que ficou uma casa muito simpática para férias ou arrendamento temporário para quem, como nós, aprecie o silêncio do campo. Esta é a "casa da ponta", nós vivemos na casa da outra ponta do edifício. Entre as duas fica uma outra ainda por arranjar. Por isso aqui pouco ouvirá os vizinhos!
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