No início não sabíamos nada de reabilitação. Depois de muitas leituras e pesquisas dissemos não ao cimento e sim à cal. Não às tintas industriais e sim às tintas de cal, não ao betão e sim à madeira, não à destruição e sim ao restauro. Raspamos tintas plásticas, pusemos madeiras a respirar, tratamos soalhos tentado combater o "bicho", tapando furos e lacunas com massa de serrim e cola, protegemos com cera acrílica que não impede a casa de respirar. Porque uma casa que respira é uma casa que absorve humidade no Inverno e liberta-a no Verão. E o nosso corpo respira com ela beneficiando da frescura que nos traz o Verão e do aconchego que nos traz no Inverno.
Isolamos bem o telhado, mantivemos as caixilharias, refizemos o mirante e acrescentamos duas janelas de telhado de boa qualidade. Pusemos placas radiantes de 400w em todos os compartimentos. Acrescentamos uma porta de vidro sobre a antiga porta de madeira que passou a funcionar como portada. A casa ficou mais iluminada. Refizemos a cozinha e a casa de banho.
Os móveis foram sendo recolhidos quando alguém já não os quis e todos têm uma história para contar. Foram também restaurados por nós.
Aqui é "obrigatório" separar o lixo e fazer compostagem. Junto à casa existe um terreno que dividimos em três partes: jardim, horta e pomar. Químicos não são bem vindos. Após doze anos de trabalho valeu a pena. Colhemos alimentos da nossa horta e do nosso pomar e agora, por fim, vieram as galinhas e um galo (por engano!). É uma casa portuguesa, do século XIX, construída por um homem apelidado de Mestrinho e que ficou famoso por ter sobrevivido a uma queda da ponte D. Luís! Foi em grande parte restaurada pelas nossas próprias mãos. Porque podemos aprender com quem sabe. Não tivemos apoios financeiros nem empréstimos ao banco para o fazer. Foi-se fazendo e aqui está. Depois de muito trabalho tentamos agora arrenda-la para turismo. A casa onde vivemos, também por nós restaurada (trabalho eternamente em curso...), fica ao lado desta.
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