
"As padeiras de Avintes, que vão vender ao Porto o pão de milho, a broa, que elas próprias fabricam, são, ordinariamente, belos exemplares de mulheres, capazes de tombar um homem com uma bofetada. Basta dizer que tem o braço costumado ao manejo do remo, são essas intrépidas raparigas que tripulam os seus barcos e, quando recolhem a Avintes, largam o remo, pegam na pá, deixam de ser barqueiras para ser padeiras. Em mangas de camisa, apertado o peito num colete de cotim, como dentro da malha de um lutador de circo, como o seu chapéu redondo guarnecido de maçanetas de retroz, a saia curta, muitas vezes refegada na cintura por um lenço enrolado á laia de faxa, elas como que personificam ainda a robustez e a elegancia dessa antiga raça lusitana, que se imortalizou no Hermínio com Viriato e em Aljubarrota com Brites de Almeida, também padeira, como estes belos exemplares ainda sobreviventes em Avintes" (Descrição Alberto Pimentel in Dicionário Chorográfico de Portugal Continental e Insular, vol I de Américo Costa)
Para mim, de todos os retratos da "mulher avintense" este é o mais belo. É de Columbano Bordalo Pinheiro, datado de 1885 (publicado em "De Abientes a Avintes" de Barbosa da Costa, José Vaz, Paulo Costa, Ed. Audientis, 2009, p. 577) e, de todas as descrições românticas esta é, sem dúvida, a mais divertida!
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